25 julho 2015

287 - Sonho

642 Coisas sobre as quais escrever - 287
Um alienígena bate em sua porta. 

Sonho
O dia estava agradável, como sempre. O sol estava majestoso, as nuvens eram poucas e o céu estava mais que azul. Mesmo assim, ela não queria sair. Preferia ficar no quarto, colocando as leituras em dia. E eram muitas. 
Foi quando alguém bateu na porta. Primeiro ela percebeu que era estranho porque sua família não era de bater na porta. Depois lembrou-se que estava sozinha.
-Olá? -Uma voz com um sotaque conhecido perguntou, animada.
Ela levantou-se da cama e abriu a porta.
Era um homem. Aparentava uns 35 anos de idade, tinha cabelos maravilhosamente desarrumados (ela tinha gostado, se parasse pra pensar) e era alto, além de bem magro. Usava um terno azul e all star vermelho.
Ele sorria, com entusiasmo.
-Olá, eu sou o Doutor. -Ele apertou sua mão com demasiada alegria e foi adentrando o quarto. -É um prazer conhecê-la. Realmente adorei seu quarto, apesar de pequeno. -Ele, que antes estava analisando o quarto, virou-se para ela. -Parece que não sei seu nome, isso é estranho, sempre pergunto o nome das pessoas.
Ela, que estivera parada e incrédula, conseguiu jogar algumas palavras de indiferença:
-Em primeiro lugar, Doutor, este é meu quarto e já tenho uma pergunta formulada para você: como entrou na minha casa sem que eu notasse?
Ele ia responder quando ela levantou a mão e prosseguiu:
-Em segundo lugar, meu nome não importa porque a pergunta é mais importante.
Ela parou, mas ele não disse nada. Então pareceu perceber que ela realmente parara de falar e disse:
 -Sim, sim. Bom, eu usei uma máquina do tempo.
A expressão em seu rosto era tão engraçada que ela começou a rir.
-Pelo amor de Deus, docinho, trabalhe com fatos.
-É sério! -O Doutor pôs as mãos nos bolsos, com expressão de quem tenta convenceu alguém de algo impossível. -E antes das explicações mais estranhas, tenho que ver algo. -Ele tirou uma coisa cinza da ponta azul de dentro do terno.
-Que raios está fazendo? -Perguntou ela. O Doutor não respondeu até apontar para a coisa pelo quarto inteiro. Então disse:
-Isto é uma chave de fenda sônica e serve para abrir portas.
Ela cruzou os braços.
-Abrir portas?
-É. -Ele parecia satisfeito.  -Bem, menos se for madeira. -Ele girou o objeto nas mãos. -E, como sempre, eu estava certo. 
Ele começou a sair correndo pelo corredor de sua casa e ela correu atrás.
-Sobre o quê? -Ela perguntou, notando que ele adentrava uma caixa azul que estava estacionada em sua sala de estar.
-Nossa. -Ela murmurou. -Uma nave espacial, e feita para gente do meu tamanho.
O Doutor colocou a cabeça pra fora da caixa.
-Talvez do lado de fora.
Sem hesitar nenhum segundo, ela adentrou a caixa, que rapidamente estava enorme. 
-Maior por dentro. -Ela olhou para o Doutor, que havia posto óculos e parecia satisfeito. -Pessoas de 1,53 estão sendo desvalorizadas.
Ele correu para mexer em vários botões e alavancas, e em cima daquela "mesa" cheia de botões e alavancas tinha uma coisa que ficava descendo e subindo.
Era de doer a cabeça.
-Seu nome é Belle, correto?
Ela assustou-se. 
-Como sabe?
-Estava escrito embaixo de um poema, num caderno em cima da sua cama.
-Bonito e inteligente. Pode se casar comigo.
-Muito nova.
-Muito velho.
Ele riu.
-Então Belle notou.
-Você é alienígena, correto?
-Correto.
-Você é de Plutão? Sabe, eu gosto de Plutão, considero ele um planeta. É plutaniano?
-Existem plutarianos? Eu nunca ouvi falar deles -o Doutor havia tirado os óculos.
-Não faço ideia. 
-Enfim, não. 
-De onde é, então?
-Isso não é importante. -Ele havia ficado sério. -O importante são os perigos que vivem em seu quarto. 
-Perigo? Fora as sombras que vivem passando pelo espelho e a porta que se move sozinha?
-Muito pior. -Ele se aproximou. -O nome é vashta nerada. Deveria temê-los. Vivem do escuro, são o escuro. Já enfrentei um deles. Uns três. Três e uma futura esposa. E uma biblioteca. Três, uma futura esposa e uma biblioteca. Sim. -Ele havia tirado os olhos dela e olhava para um ponto além dela, depois focalizou-a de novo. -Enfim, vou tentar te ajudar, eu prometo.
-Então aceito sua ajuda, Doutor. -Ela disse, sorrindo.
-Será um prazer ajudá-la, Belle.
Foi quando tudo ficou escuro e ela percebeu que estava em seu quarto. Nada de diferente. As sombras passavam pelo espelho e a porta estava quase aberta (ela se mexe, lembra?). Sem pensar ela se levantou, pegou seu usual caderno e uma das canetas de sua caneca e escreveu no escuro e com uma letra horrível:
Nada de aviões caindo ou pessoas assassinando meu irmão. Hoje eu sonhei que um alienígena batia em minha porta.

E eu ouvi:
Eu disse que ia ressuscitar o 642 coisas sobre as quais escrever.
Sim, foi baseado em Doctor Who.
Até.

13 comentários:

  1. Eu gosto muito desse projeto, e achei interessante seu texto. Em geral amo assuntos de sonho e tal, e a sua história foi ótima.

    Beijos,
    http://o-hyeah.blogspot.com.br/

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  2. Eu ainda não conhecia o projeto, essa é a primeira vez que visito o blog, como funciona? Mesmo assim adorei o texto, sou grande fão do Doctor Who, e o modo como você descreveu o jeito dele, as palavras que vinham dele é muito igual, fiquei admirada com o jeito em que você fez me sentir dentro da historia e me imaginar no momento como se estivesse assistindo a mais um episodio da serie! Parabéns!
    http://www.quintagaveta.com/

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    1. Acho que se pesquisar no Google aparece. É um projeto que contém 642 temas para se escrever, o que for, entre poemas, textos, crônicas, contos e etc. Fico feliz em ter conseguido reproduzir de forma fiel as palavras do meu Doutor favorito ♥ Obrigada ♥

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  3. Você ouve BOY, ouve Florence, ouve Lindsey, quer casar comigo? huahsahsha' Eu nunca assisti Doctor Who, quer dizer até vi uns comerciais, alguns minutos da série na TV Cultura mesmo, mas nunca dediquei um tempo, sequer sabia que se tratava de alienígenas, mas descontando esse fato, o texto ficou incrível! Parabéns Belle. Você tem esse talento e fica escondendo, né?

    Beijos, Sel | Quinta Gaveta ♥

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    1. Venha cá, me dá um abraço <33 Pois está na hora de ver, viu? É incrível, recomendo fervorosamente. Nossa, obrigada, Sel, seus elogios valem muito!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Olá
    Eu simplesmente adorei o texto, a verdade é que qualquer coisa envolvendo alienígenas, sou simplesmente fascinada e o final foi ótimo. Simplesmente adorei.
    Beijos.
    Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

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  5. Que amor de texto, Belle! ♥ Maravilhoso. Adoro textos inspirados em DW, e soube que este texto é um deles com a imagem do começo do post.
    Of Monsters and Men e Lindsey Stirling ♥
    Beijos ^^

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    1. Obrigada, Taís, fico feliz que tenha gostado! Sim, precisamos ter bom gosto, né?

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  6. DOCTOR WHO ♥♥ mds amo você já hahahahahha amei esse texto!!!! continue escrevendo assiim! beijao
    http://olivroemquehabito.blogspot.com.br/

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